segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Espetáculo de Dança do Colégio São José


Realizou-se nos dias 9 e 10 de novembro, no Theatro Sete de Abril, às 20h, o Espetáculo de Dança do Colégio São José, intitulado : "A Fantástica Cidade dos Doces " !
Foi feito,durante o ano todo de 2007, toda uma pesquisa e estudo com os alunos e com a Professora da Universidade Federal de Pelotas, Jezuína, sobre a "História do Doce ", nosso patrimônio .


A FANTÁSTICA CIDADE DOS DOCES !!!!!!

É difícil definir quando exatamente os doces surgiram em Pelotas.
Sabe-se que teve origem com a colonização portuguesa, por volta do século XIX, e que teria surgido em Pelotas aproximadamente na década de 1860, no período do apogeu do município de Pelotas.
Os imigrantes portugueses, vindo mais especificamente da cidade de Aveiro, trouxeram consigo várias receitas de doces como os ninhos, os fios de ovos, as babas-de-moça, os camafeus, os papos de anjo, os pastéis Santa Clara e outros. Doces estes que, tiveram suas receita, passadas de geração a geração dando continuidade a tradição doceira da cidade.
De 1860 a 1890 os investimentos dos charqueadores foram intensos em atividades de cunho cultural que caracterizaram, durante anos, Pelotas como a cidade mais aristocrática do Estado do Rio Grande do Sul.
A grande produção era Exportada para a Europa, mas uma parcela do charque era também e comercializada por toda a nação brasileira.
Estas atividades saladeiris através da exportação do charque, proporcionavam que os navios transportadores retornassem com os mais variados produtos e objetos. Este comércio permitiu que a sociedade pelotense desenvolvesse práticas semelhantes àquelas que estavam presentes apenas nos modernos países europeus.
Em Pelotas os hábitos e costumes europeus, foram incorporados nos intervalos de saraus, onde eram servidos os doces, envolvidos em papéis de seda rendados, dando mais requinte aos charqueadores e seus convivas, criando assim uma tradição doceira.
A produção era realizada de maneira caseira pelas mulheres e suas mucamas.
Como existiam rigorosas regras de etiqueta na época , muitas atividades não podiam serem pelas mulheres desenvolvidas ao ar livre; então as mulheres praticavam atividades domésticas, hábitos caseiros, com reconhecido destaque na culinária ,bordado, música e pintura.
Este fato , portanto, contribuiu para a intensa produção e aprimoramento das receitas dos doces em Pelotas. Há quem diga que estas delícias eram também feitas pelas freiras nos conventos religiosos.
Para realizarem estas receitas era preciso o açúcar, não havendo dificuldade em encontrar já que durante este período, com o intenso comércio das charqueadas era possível estabelecer um intercâmbio entre o sal e o açúcar entre as regiões sul e nordeste do País.
Pelotas estava imersa no ciclo do sal, onde os rituais de morte, de sangue no arroio Pelotas e o castigo e a brutalidade praticada com escravos, serviçais, eram amenizados pelas grandes festas familiares: os saraus.
Mas as charqueadas foram entrando em declínio devido a abolição da escravatura e consequentemente com o fim da escravidão.
A produção do charque encontrou concorrência com outras cidades da região e com o surgimento dos frigoríficos não precisando mais salgar a carne para conservá-la, as charqueadas tiveram uma decadência.
Com a diminuição da produção do charque, houve a preocupação em relação a importação do açúcar. Assim ocorreu uma redução da aplicação deste caro ingrediente na produção dos doces, pois havia a preocupação de escassez do mesmo e o alto valor que tinha.
Mas esta transformação, da redução de açúcar na elaboração dos doces, acabou agradando os consumidores da época e tornando-se um diferencial nos doces de Pelotas.
A partir de 1920, passou-se a divulgar em todo o Brasil uma tradição doceira que até então estava restrita ao interior dos casarões.
Nesta época, os imigrantes alemães, franceses e italianos que viviam no interior do município de Pelotas, davam inicio ao o cultivo de pequenos pomares (com as sementes trazidas de Portugal, Alemanha e Itália). Estes pomares de frutas de clima temperado, como pêssego, morango, figo, maçã, laranja, e outras, contribuíram para diversificar a tradição doceira da cidade de Pelotas e da região.
Surgindo daí os doces de compota, passas, geléias, entre outros.
No século XX a produção doceira local cresceu ainda mais, pois pode contar além da confecção artesanal dos doces com o surgimento das primeiras fábricas de conservas.
Em 1986 foi criada a Feira Nacional de Doce onde ocorria de 2 em 2 anos.
Após a Câmara de Diretores Logistas (CDL) assumir o evento em 1995, a feira cresceu e ganhou endereço certo no Centro Internacional e Cultura e Eventos.
O açúcar e o sal foram de fundamental importância para o progresso econômico e cultural de Pelotas. A formação da identidade histórica da cidade deve-se a estes fatores.
Para Pelotas a história do doce tem extrema importância, pois vem valorizar nossa cultura, preservar nossa tradição e contribuir para promover nossa cidade em âmbito cultural, turístico e econômico, buscando tornar-se assim o nosso Patrimônio Cultural Nacional.
Saber a história e a identidade faz parte da educação de um povo e reforça seus laços sociais e culturais.



A FANTÁSTICA CIDADE DOS DOCES


Sob as bençãos de Netuno,
Lusas velas drapejavam
E naus aqui aportaram
Cristalizando a vertente
Que no Velho Continente
Florescia nos mosteiros,
E aqueles sacros obreiros
Uniram na liturgia
Orações às iguarias
E O altar ao tabuleiro.

E se engalana a PRINCESA
Pra este evento de doçura,
Que sedimenta a cultura
Cultivada em além-mares;
Guloseimas e manjares
Davam requinte aos serões
E os sobrados dos barões
Embebiam-se em poesia
Que nos olhares nascia
Das donzelas e varões.
Agregou-se a nossa mesa,
Desse legado europeu
O tentador camafeu,
E o bom gosto sempre cobra
Broinhas, olho-de-sogra,
Brigadeiro e bom-bocado,
O quindim, o bem-casados,
E arrolam-se entre os piteis
De Santa Clara, os pastéis
E bombons caramelados.

E fios-de-ovos aguçam
Nosso desejo incontido
E ainda que comedido
A gula sempre viceja
Ante o bombom de cereja
Ou de leite condensado;
E se o ninho for glaceado
Ou se o bombom for de nozes
Terão em comum a glicose
Do damasco recheado.
Há nos bombons de morango
Nas fatias de pudim,
Trouxinhas de amendoim ,
Também nos bombons de ameixa
Doce magia que deixa
O primoroso sabor
Identifica o labor
De quem com arte e carinho
Transforma gemas em ninhos.

O açúcar utilizado,
De brancura cristalina,
Foi de cana nordestina.
Canela, da srilanka,
Matizando a massa branca
Que a Alemanha cultivara;
Doce d’ovos recheara
A iguaria portuguesa,
Sublimando, com certeza,
Os pastéis de Santa Clara.
E a PAMPA se faz presente
Nesse rodeio de etnias,
Projetando a ambrosia
-Dos deuses, nobre manjar-.
E o arroz doce que vem dar,
Emponchado de canela,
Abertura à canela,
Pra quem a PELOTAS trouxe,
Através da FENADOCE,
Nuances de uma aquarela.


Jorge Morais

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